As ramas densas das árvores encostaram-se ao calor de um verão que tardava. Nas ruas procuram-se as sombras das casas brancas que rodam no sentido dos ponteiros do relógio. Aguarda-se a brisa do fim de tarde, como se aguarda a esperança de um amanhã melhor. Nos rostos vincam-se as rugas fundas da amargura, dos dias e das noites que se repetem de descrença. A vida pára na expectativa de um impulso. A terra endurece em grossos torrões de barro que se confundem com pedras. As mãos acompanham os corpos no sentido vertical, arrastando os ombros. Perderam-se os brilhos nos olhares. Gastaram-se os silêncios das palavras. Resigna-se à vontade de viver outro dia igual. Aguardam a esperança. Aguardam em constante desatino.
Sem comentários:
Enviar um comentário