Que ingenuidade a minha julgar-te capaz de amar. Oh, que perdição! Que ousadia pensar em desmanchar a dureza dos teus sentimentos; a indiferença dos teus gestos; a amargura de uma distancia que teimas em sustentar. Noutros tempos acreditei, com mil paixões, em cada palavra que pronunciavas. No começo, quando a ingenuidade se confundia com o ardor do desejo por ti, desenhava no céu estrelado o teu nome; escrevia-o com as estrelas, repetidamente. Ah, que ruína a minha! Quanta desgraça me abandonou às horas de solidão e de sofrimento? Quanta amargura me sustenta nas noites frias de desprezo e de indiferença? Palavras sobre palavras, dizes! E os sentimentos não os conheces, porque estranhas os afectos, sobretudo os meus, que recusas severamente. Oh que ingenuidade! Que perdição! Tanto arrependimento me contradiz na vontade de te amar ainda mais! Que traição!...
Jorge Barnabé
Jorge Barnabé
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