tantas vezes sonho com o teu corpo deitado sobre aquela planura
que o tempo eternizou em suaves relevos
tantas vezes o meu olhar se perde no caminho do horizonte
guardando-te como fundos segredos
e a força do nosso amor reinventa-se na nostalgia e na loucura
tantas vezes o meu ser se eleva na busca delirante
do aroma fresco e doce do teu corpo
e de cada vez reencontro as razões para te amar
as tuas mãos enlaçadas nas minhas como raízes
e os dois perpetuamente inseparáveis
como o céu e a terra das utopias felizes
27 de maio de 2009
25 de maio de 2009
O que é bom nunca é demais

Já falei sobre o que penso deste blogue. E para os mais desconfiados e especuladores haverá sempre razão para não entenderem as verdadeiras razões do que escrevo e porque o escrevo. Mas também por isto se torna um blogue especial.
Há blogues muito bons na nossa terra mas nenhum como este. Existem estilos diferentes, e até mais apurados, mas o seu estilo é o que o destingue. Há outros interesses acima deste blogue mas o que torna este blogue interessante é não ser conivente com interesses. Há quem goste tanto desta terra como o seu editor mas o que faz deste editor uma personalidade regional não é apenas a estética mas também a perspicácia, a pertinência e uma grande dose de persistência.
Haverá por aí quem não goste deste blogue. E ainda bem que há. Porque este blogue tem uma característica esclusiva dos projectos marcantes: ou se ama ou se odeia. E sabemos bem que os que odeiam têm boas razões para o fazer: são as diferenças, ou melhor, a dificuldade em conviver com as diferenças.
Parabéns João pelo 6º Aniversário. Já não é hora de questionar, agora é ir em frente!
23 de maio de 2009
Poema sobre Beja III
caminhamos serenamente pelas ruas molhadas. a cidade fugiu da confusão. e os rostos que restam na tarde escondem a mágoa da desesperança. eu, tu e os outros somos cores esbatidas de uma cidade que se desenha a preto e branco. entre as ruelas irregulares e os casarios altos que se erguem inclinados os passos leves de uma caminhada surgem como se fossem gotas de água. e o desespero de uma taciturna fé toma conta de nós. sem aves no céu negro e frio a cidade resigna-se ao lugar passivo de maio. outrora, lembro-me bem, as ruas palpitavam com os corações. mas isso era no tempo em que as espigas cobriam os campos e pela aurora as papoilas acordavam a cidade. amanhã é outro dia, dizem-nos com a intenção de nos fazer ver. resta-nos o tempo: o de ontem, o de hoje e o de amanhã que temos de querer antes que os passos sequem.
19 de maio de 2009
Numa manhã assim
a manhã faz-se breve
como a ponta do teu olhar
assim fosse leve
o sentido de amar
os rios correm lentos
na demorada primavera
as searas tardam nos rebentos
quando o luar não espera
as tuas mãos apertam-me o desejo
trasparente como o teu sorriso
onde as estrelas despertam um beijo
na forma louca de um riso
escuto o cante fundo das searas
na manhã breve como o teu olhar
como sempre me desejaras
com a vontade limpa de te amar
como a ponta do teu olhar
assim fosse leve
o sentido de amar
os rios correm lentos
na demorada primavera
as searas tardam nos rebentos
quando o luar não espera
as tuas mãos apertam-me o desejo
trasparente como o teu sorriso
onde as estrelas despertam um beijo
na forma louca de um riso
escuto o cante fundo das searas
na manhã breve como o teu olhar
como sempre me desejaras
com a vontade limpa de te amar
14 de maio de 2009
Poema triste ao fim da tarde*
Já não usamos as palavras. Todas as tardes damos as mãos num aperto lasso, sob o cante taciturno das aves. Esgotamos os segredos num diálogo de silêncios. E crescemos a cada passo como dois velhos amantes, antigos guerreiros do amor, puros e eternos como diamantes. Desfazemo-nos, em demoradas promessas de dor, como se sôfrega se abatesse a esperança. E pela cidade percorremos as sombras fugindo do sol escaldante. Dividimos as ruas em metades feias e frias e cerramos as praças com os olhares perdidos. Já não usamos as palavras apenas as mãos dadas declaram os dias.
* Completamente fora de contexto, felizmente.
11 de maio de 2009
Poema em Ourique
daqui o meu olhar percorre os cerros que se enlaçam na planície branca
como os teus lábios saboreiam as sombras frescas do montado
e os nossos corpos se dão um ao outro nos vales acidentados
espero por ti desejo um olhar teu que me entenda a alma
e a tua mão de novo a percorrer a minha pele trigueira
onde sol se encosta de vez em quando
outrora corpos mais agrestes lançaram nestes campos
sangue e vida e glória e um pedaço de liberdade e de povo maior
que agora nos acolhe como a enamorados poetas cujas musas se perdem no amor
e tu minha musa figura acesa que me conduz à esperança
corpo de terra fértil onde semeio cada pedaço de mim
levas daqui o meu olhar e as metáforas e o peito aberto
como o campo branco que me enlaça
como os teus lábios saboreiam as sombras frescas do montado
e os nossos corpos se dão um ao outro nos vales acidentados
espero por ti desejo um olhar teu que me entenda a alma
e a tua mão de novo a percorrer a minha pele trigueira
onde sol se encosta de vez em quando
outrora corpos mais agrestes lançaram nestes campos
sangue e vida e glória e um pedaço de liberdade e de povo maior
que agora nos acolhe como a enamorados poetas cujas musas se perdem no amor
e tu minha musa figura acesa que me conduz à esperança
corpo de terra fértil onde semeio cada pedaço de mim
levas daqui o meu olhar e as metáforas e o peito aberto
como o campo branco que me enlaça
6 de maio de 2009
ideia solta
talvez o amanhã me espere como eu aguardo com esperança um mar verde denso e vasto onde o olhar se perca. talvez a utopia que me quer leve daqui um companheiro fausto.
3 de maio de 2009
Poema incompleto ao meu filho
Desejo-te as manhãs claras
O céu limpo e azul como os teus olhos
E a coragem das multidões que se unem como muralhas
Tantas vezes adormeço na implacável certeza
De que os teus olhos brilham mais que os meus
De que o teu corpo cresce no sentido oposto ao meu
Desafiando a vida num punhado de sorte
E repouso as preocupações por te saber mais forte
Por te reconhecer maior firmeza
E quando as noites caírem em surdina
Desejo-te o luar branco
Feito de fantasia e purpurina
A abrigar o teu dorso franco
O céu limpo e azul como os teus olhos
E a coragem das multidões que se unem como muralhas
Tantas vezes adormeço na implacável certeza
De que os teus olhos brilham mais que os meus
De que o teu corpo cresce no sentido oposto ao meu
Desafiando a vida num punhado de sorte
E repouso as preocupações por te saber mais forte
Por te reconhecer maior firmeza
E quando as noites caírem em surdina
Desejo-te o luar branco
Feito de fantasia e purpurina
A abrigar o teu dorso franco
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