caminhamos serenamente pelas ruas molhadas. a cidade fugiu da confusão. e os rostos que restam na tarde escondem a mágoa da desesperança. eu, tu e os outros somos cores esbatidas de uma cidade que se desenha a preto e branco. entre as ruelas irregulares e os casarios altos que se erguem inclinados os passos leves de uma caminhada surgem como se fossem gotas de água. e o desespero de uma taciturna fé toma conta de nós. sem aves no céu negro e frio a cidade resigna-se ao lugar passivo de maio. outrora, lembro-me bem, as ruas palpitavam com os corações. mas isso era no tempo em que as espigas cobriam os campos e pela aurora as papoilas acordavam a cidade. amanhã é outro dia, dizem-nos com a intenção de nos fazer ver. resta-nos o tempo: o de ontem, o de hoje e o de amanhã que temos de querer antes que os passos sequem.
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