25 de setembro de 2007

Desabafo sobre a distância

Perturba-me a distância. Os espaços vazios entre os corpos. Os olhares tristes e frios que se prolongam como espadas. Confrontado com o distante perco-me. Renasce em mim o pensamento amargo dos dias mais amargos. Dou ao meu olhar o tom basso da tristeza. Apago dos meus lábios a vontade de sorrir. Deixo as mãos descair acompanhando um corpo resignado e frágil. Fraco.
Regressei ao passado, aos dias negros e gelados. Há conversas que se repetem. Há gestos semelhantes. Comportamentos idênticos que me assustam. Que me fazem estremecer. E no regresso ao passado, que as circunstâncias obrigam, sinto-me a desfalecer. A fraquejar. A vaguear sem rumo. Temo reviver o que apaguei da memória e do coração. Temo o regresso da amargura. Dolorosa e fatal.
Perturba-me a distância. O espaço de ar que nos separa da vontade de estar.

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