Sou do tempo das mãos na terra.
Dos piões de casquinha a girar nos canteiros secos.
Das covas rasas que dificultavam os berlindes.
Sou do tempo das ladeiras empedradas que atrapalhavam as carretas improvisadas.
Dos jogos de futebol nos largos e nas praças apertadas.
Sou do tempo das conversas ingénuas e utópicas
construídas nos muros dos quintais.
Sou do tempo em que as andorinhas se aninhavam nos beirais.
Das mãos que se cruzavam em apertos puros.
Dos passos longos e frescos de um dia inteiro.
Sou do tempo do "olás". Dos "como é que estás?".
Sou do tempo da árvores altas e frondosas,
das ruas apinhadas de brancos escuros.
Sou do tempo das palavras. Dos amigos e dos conhecidos.
Das namoradas conquistadas.
Sou do tempo que já não volta...
Sem comentários:
Enviar um comentário