Aguardava por si como quem aguarda o suspiro final. Em desespero, entre desalentos cultivou-se marginal. Percorreu as ruas apinhadas. Vagueou entre mesas de café. Acomodou-se no centro de um largo acompanhado por um pensamento: ela. Aguardava. Aguardava na espera longa de a ver. De a ter junto a si. E desejou mil coisas. E sentiu mil desejos. E fechou os olhos na esperança de um beijo e de um abraço. E desejou ouvir as palavras como ecos das suas. E desejou o seu suspiro aliviado a desfazer-se sobre si. Aguardou como se esperasse uma vida inteira.
Surgiu estranha. Não esperava outra coisa. Sentiu o seu rosto abatido. O seu olhar esgotado. Tremeu porque julgou que por si o seu olhar já não brilhasse. Reencontraram-se como estranhos. Sem abraço. Sem beijos. Circunstancialmente, pareceu-lhe de imediato. Partiram para a conversa. Outra vez as palavras, de novo as frases feitas e os conceitos apertados. As mãos expostas longe um do outro. Os olhares iniciais fugidios e covardes de os quererem encontrar. E o seu corpo desejando o dela. E o seu ser inclinando-se sobre ela. E ele frágil e temeroso. A ansiedade nele. Um nó no estomago persegue-o na sua ausência. Parte de si - talvez a mais pura e bela - despe-o de cada vez que ela se afasta.
Longos e fundos minutos passaram. Longos e profundos instantes percorreram o seu corpo. E as palavras rudes e o desalento da esperança vestiram-lhe a pele interior. E ao fundo prédios altos como muralhas. E nuvens densas como mordaças. E de si um olhar frio e descomprometido. E nem mais palavras. Nem mais desculpas. E uma mão rompe o silêncio da amargura. E um gesto crescente constrói um beijo. O mais doce e fresco, o mais simples e desejado beijo.
Um Beijo enorme. Grande como tu. Doce e perfumado como a mais bela flor. :-) (na)
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