Seguia depois de ti as pégadas que deixavas no areal e nas tuas costas ia-se afastando o mar revolto que estendia um tapete branco de espuma até ao horizonte. Nessa tarde que não era tarde nem noite, que não tinha cor nem cheiro, apercebi-me da tua ausência. Fria e ventosa como o inverno que me obriga ao agasalho estranho. Fixei-me nas pégadas que o salgado mar queimava até à inexistência de vida. Humedeceram-se-me os olhos contemplando o espaço vazio que criavas entre mim e o resto do mundo. Senti a fúria do engano. Exasperei. Morri no instante em que te julguei nunca mais de mim.
Acontecem outras coisas quando estamos longe. Não me reconheço. Não sei de mim nem quero saber dos outros. Não procuro senão uma figura dissimulada. Não quero senão o que tens para me dar. Seguiria, sempre que me pedisses, o rasto que deixas. Seguiria, sempre que o quisesses, o cheiro dos campos onde as flores desenham o teu corpo.
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