Podia dizer-te tantas coisas
No entanto, quando te vejo nada me ocorre.
Treino em voz alta, para os espelhos e paredes
O que vou dizer-te quando te vir,
Nas alturas em que tu não vens e eu te espero.
E quando vens, tudo o que tinha para te dizer,
As frases preparadas e decoradas com tanto afinco,
Que soavam tão bem aos ouvidos dos espelhos e das paredes e dos móveis
Para quem eu as dizia nos dias em que te esperava,
Desaparecem, e na minha cabeça ficam só as imagens
Que entram pelos meus olhos
As palavras que entram pelos meus ouvidos
Os teus sorrisos que entram pela minha alma a dentro
E arrebatam tudo no caminho.
Fico com a sensação de que tinha algo para te dizer,
Mas não passa disso: uma sensação não especificada,
Não objectiva, que sacudo assim que posso.
Porque nos dias em que vens procuro não ter mais nada,
A não ser tu, a perturbar-me.
Quero todo o meu espaço, tudo o que sou enquanto ser receptor
De estimulos e sinais, concentrado em absorver tudo o que me dás.
E então, nos dias em que te espero,
Treino e ensaio, o que sei que vou esquecer nos dias em que vens
E te quero tanto que me esqueço de tudo.
Novel Poetisa, 1 de Agosto de 2007
Olá Jorge. Já tinha consultado o teu blogue (quando fizeste aquela incursão pelos textos de Mariana Alcofurado)e gostei. É sempre bom poder ler poesia, principalmente de quem gostamos. Beijo e continua.
ResponderEliminarLeo