6 de outubro de 2007

São recordações

Escolhemos um restaurante fora da cidade, bem longe dos olhares conhecidos. Queriamos fugir aos rumores, camuflar um segredo. Sentados à mesa, a mulher de cabelos claros e olhar desperto e grande sorria discretamente à minha direita, à medida que o tempo passava e que o ambiente já descomprimido permitia uma maior confiança, senti o seu braço esquerdo a tocar o meu. Fê-lo de uma forma discreta, na primeira vez. E reconhecendo o meu gesto permissivo e de agrado continuou disfarçando as suas intenções junto dos outros convivas.
No regresso partilhamos o mesmo carro em direcção a não sei onde. Fomos no caminho debaixo de um céu estrelado atraindo as nossas mãos uma na outra como imanes. Sugeri-lhe encostar o carro numa estrada estreita e paralela à nacional. Guinou o carro sem hesitações, avançou mais uns metros e parou quando sentiu a segurança de estar a uma distância razoável do movimento da estrada principal. Pensei em acender um cigarro e criar ambiente, os nossos olhares cruzavam-se pela primeira vez nesse dia. Desligou o carro, retirou o cinto de segurança e movimentou-se na minha direcção. Olhou-me com um olhar sorridente e num impulso que me surpreendeu beijou-me a boca. Intensamente. Desesperadamente.
Em nosso redor a paz nocturna de um campo de girassóis. A sua pele macia e suave extasiava os meus sentidos, os seus beijos húmidos despertava ainda mais o desejo de a ter. Ali. Sem demoras. Sem tempo para esperar...
Regressamos à cidade pela estrada nacional movimentada. Ficamos na esperança de um reencontro que o tempo foi apagando lentamente. Não insisti. Não insistiu...

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