A manhã surgiu na continuidade de uma madrugada fria e chuvosa. Chove e o céu acinzenta-se sobre as nossas figuras encolhidas. Ainda não vi o sol. Sobre a planície o céu parece separado da terra por um véu que filtra a luz... faz-me falta a luz. Na cidade branca, que se fende na planície como se fosse uma ilha ao centro de um mar de searas, a ausência de luz solar pesa os corpos. Por aqui junta-se ao vazio das ruas e da vida a luz ténue e envergonhada de um dia chuvoso.
Nestes dias quero-te ainda mais. Em casa definho nas paredes brancas despidas de ti, no sofá vazio sem nós, nos corredores escuros sem a tua luz. Desejava tanto ter continuado no encanto das madrugadas que partilhamos e inundar as manhãs com o teu extasiante sorriso e o brilho intenso do teu olhar. O teu olhar de luz que ilumina os dias.
Mas a manhã permanece chuvosa e fria e o céu cinza pesa-me o coração em cada instante da tua ausência. Aguardo o teu abraço de calor. Abraças-me?
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