No rescaldo de mais umas eleições, apesar de que sendo intercalares as considerem desculpáveis na análise e nos resultados, fica uma vez mais por abordar a questão de fundo – a do fundo onde chegou o sistema político português, a abstenção. Como disse Salgueiro Maia, há vários tipos de Estado e há também o Estado a que isto chegou!
Na última década as diferentes eleições têm sido marcadas pela abstenção elevada. Este fenómeno que condiciona os ciclos do poder é numa análise mais profunda uma grave doença do sistema. Da qual poderá resultar um desfecho fatal.
Abordar o fenómeno da abstenção justificando-o com desculpas fáceis e ligeiras como a praia, o sol, a chuva, o vento, entre outros, e fugir à questão principal que é o desinteresse dos eleitores devido à descredibilização do sistema político, das políticas, dos partidos e dos agentes políticos, é bem mais grave que meter a cabeça na areia. Trata-se de branquear uma verdade quase absoluta. E digo quase absoluta porque partimos do princípio filosófico de que não há verdades absolutas.
A classe política vive após três décadas da revolução democrática a fase mais negra da sua existência. Se pararmos para pensar trinta e quatro anos é muito pouco tempo para que aqui se tenha chegado.
Há razões para entender tal descrédito: os baixos salários dos agentes políticos, o que condiciona a entrada no sistema dos mais capazes e competentes; a incapacidade de gerar ideias e projectos, o que nos aborrece com as discussões balofas e infinitas; a recorrente demagogia e incoerência dos políticos, o que nos faz acomodar à previsibilidade das suas reacções; e por último, mas não menos importante, a ausência de renovação dos partidos e dos agentes políticos, o que nos daria garantias de novas políticas geradoras de progresso e de restabelecimento da confiança na relação inquinada entre sistema político e eleitores.
A abstenção resume-se à falta de confiança e daqui parte para o desinteresse dos cidadãos. Mas talvez seja mais prático justificar o que se passa recorrentemente com o clima ou a tendência ociosa dos portugueses. E a quem servirá tais argumentos? Aos políticos em primeiro lugar que assim se acomodam nos lugares tal como têm feito nos últimos trinta anos. Aos comentadores em segundo, que assim justificam as suas análises fúteis e descontextualizadas da realidade.
Os políticos guiam-se pelas opiniões dos comentadores (com excepções) e estes gostam de saber que as suas opiniões são decisivas. No meio, num espaço cada vez mais lasso, está um povo que desde o mundo rural ao meio urbano tem dificuldade em entender os porquês – quando lhes são justificados – e de aceitar a palavra de um político como um compromisso sério.
Neste país habituamo-nos à discussão do acessório em detrimento do essencial. É um método, tal como outros, benéfico para alguns mas muito mau para o futuro de um país que se quer democrático e participativo.
Há dois anos garantiram-me que com este governo o país mudaria! Tive as maiores reservas e ainda as mantenho, e quanto mais o tempo passa mais me convenço do que as suporta. O país está a mudar, mas será que é este caminho que queremos caminhar?
Provocam-nos as liberdades e das que ainda nos restam fica a liberdade de não votar. A isto chama-se abstenção.
Fique o povo a saber: a mensagem não chegou ao destinatário!
Na última década as diferentes eleições têm sido marcadas pela abstenção elevada. Este fenómeno que condiciona os ciclos do poder é numa análise mais profunda uma grave doença do sistema. Da qual poderá resultar um desfecho fatal.
Abordar o fenómeno da abstenção justificando-o com desculpas fáceis e ligeiras como a praia, o sol, a chuva, o vento, entre outros, e fugir à questão principal que é o desinteresse dos eleitores devido à descredibilização do sistema político, das políticas, dos partidos e dos agentes políticos, é bem mais grave que meter a cabeça na areia. Trata-se de branquear uma verdade quase absoluta. E digo quase absoluta porque partimos do princípio filosófico de que não há verdades absolutas.
A classe política vive após três décadas da revolução democrática a fase mais negra da sua existência. Se pararmos para pensar trinta e quatro anos é muito pouco tempo para que aqui se tenha chegado.
Há razões para entender tal descrédito: os baixos salários dos agentes políticos, o que condiciona a entrada no sistema dos mais capazes e competentes; a incapacidade de gerar ideias e projectos, o que nos aborrece com as discussões balofas e infinitas; a recorrente demagogia e incoerência dos políticos, o que nos faz acomodar à previsibilidade das suas reacções; e por último, mas não menos importante, a ausência de renovação dos partidos e dos agentes políticos, o que nos daria garantias de novas políticas geradoras de progresso e de restabelecimento da confiança na relação inquinada entre sistema político e eleitores.
A abstenção resume-se à falta de confiança e daqui parte para o desinteresse dos cidadãos. Mas talvez seja mais prático justificar o que se passa recorrentemente com o clima ou a tendência ociosa dos portugueses. E a quem servirá tais argumentos? Aos políticos em primeiro lugar que assim se acomodam nos lugares tal como têm feito nos últimos trinta anos. Aos comentadores em segundo, que assim justificam as suas análises fúteis e descontextualizadas da realidade.
Os políticos guiam-se pelas opiniões dos comentadores (com excepções) e estes gostam de saber que as suas opiniões são decisivas. No meio, num espaço cada vez mais lasso, está um povo que desde o mundo rural ao meio urbano tem dificuldade em entender os porquês – quando lhes são justificados – e de aceitar a palavra de um político como um compromisso sério.
Neste país habituamo-nos à discussão do acessório em detrimento do essencial. É um método, tal como outros, benéfico para alguns mas muito mau para o futuro de um país que se quer democrático e participativo.
Há dois anos garantiram-me que com este governo o país mudaria! Tive as maiores reservas e ainda as mantenho, e quanto mais o tempo passa mais me convenço do que as suporta. O país está a mudar, mas será que é este caminho que queremos caminhar?
Provocam-nos as liberdades e das que ainda nos restam fica a liberdade de não votar. A isto chama-se abstenção.
Fique o povo a saber: a mensagem não chegou ao destinatário!
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