19 de julho de 2007

Sem titulo

Hoje quero as palavras. Preciso delas para me vestir na tua ausência. Para que me cubram a mágoa da despedida. Quero as palavras que me animam. Palavras que me façam sorrir de esperança. Hoje quero as palavras. Quero-as e desejo-as como se fossem ar, como se fossem água para matar a sede. Hoje quero as palavras amargas que me façam sofrer por ti. Bastariam poemas tristes, daqueles que falam do adeus e da miséria do desamor. Hoje quero as palavras. Quero me incluir nelas como se fossem uma redoma.

2 comentários:

  1. «Escrevo como vivo, como amo, destruindo-me. Suicido-me nas palavras.»
    Ruy Belo

    A tua poesia, Jorge, é magnífica. Desculpa o "lugar-comum" dessa minha expressão, mas é-me difícil comentar um poeta.
    Abraço.

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  2. Se duvidas que teu corpo...

    Se duvidas que teu corpo
    Possa estremecer comigo –
    E sentir
    O mesmo amplexo carnal,
    – desnuda-o inteiramente,
    Deixa-o cair nos meus braços,
    E não me fales,
    Não digas seja o que for,
    Porque o silêncio das almas
    Dá mais liberdade
    às coisas do amor.

    Se o que vês no meu olhar
    Ainda é pouco
    Para te dar a certeza
    Deste desejo sentido,
    Pede-me a vida,
    Leva-me tudo que eu tenha –
    Se tanto for necessário
    Para ser compreendido.

    "António Botto"

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