Hoje quero as palavras. Preciso delas para me vestir na tua ausência. Para que me cubram a mágoa da despedida. Quero as palavras que me animam. Palavras que me façam sorrir de esperança. Hoje quero as palavras. Quero-as e desejo-as como se fossem ar, como se fossem água para matar a sede. Hoje quero as palavras amargas que me façam sofrer por ti. Bastariam poemas tristes, daqueles que falam do adeus e da miséria do desamor. Hoje quero as palavras. Quero me incluir nelas como se fossem uma redoma.
«Escrevo como vivo, como amo, destruindo-me. Suicido-me nas palavras.»
ResponderEliminarRuy Belo
A tua poesia, Jorge, é magnífica. Desculpa o "lugar-comum" dessa minha expressão, mas é-me difícil comentar um poeta.
Abraço.
Se duvidas que teu corpo...
ResponderEliminarSe duvidas que teu corpo
Possa estremecer comigo –
E sentir
O mesmo amplexo carnal,
– desnuda-o inteiramente,
Deixa-o cair nos meus braços,
E não me fales,
Não digas seja o que for,
Porque o silêncio das almas
Dá mais liberdade
às coisas do amor.
Se o que vês no meu olhar
Ainda é pouco
Para te dar a certeza
Deste desejo sentido,
Pede-me a vida,
Leva-me tudo que eu tenha –
Se tanto for necessário
Para ser compreendido.
"António Botto"