É verdade que os resultados eleitorais exigem a admissão de responsabilidades. O que se passou em Lisboa no dia 15 de Julho foi nefasto para os partidos da direita. O PSD teve o seu pior resultado de sempre e muito abaixo de quaisquer previsões. O CDS/PP perdeu o seu único vereador na capital do país.
Se estes factos são inquestionáveis pelos números e pela importância que cada partido tem no equilíbrio do sistema político é igualmente necessário explicar as razões que os conduziram a tamanha derrota:
Em primeiro esclarecer que não sou nem de perto nem de longe partidário das ideologias e orientações da direita. Mantenho-me na esquerda, mas essa explicação ficará para outra oportunidade.
Em segundo explicar que se no caso do CDS/PP a aposta se deveu à necessidade política de Paulo Portas de marcar um espaço que provavelmente o seu partido já não tem e que lhe custará mais que uma reflexão pessoal, no caso do PSD a questão é muito mais complexa.
Não posso em consciência manifestar o desejo de valorização da credibilidade do sistema político e ignorar a atitude de Marques Mendes neste processo e noutros semelhantes. Apesar da sua liderança ser frágil desde o início – e a esta fragilidade não são alheias a habilidade política de Sócrates e a maioria parlamentar do PS – a atitude de Marques Mendes é de coragem. Sobrepor a interesses partidários de manutenção de poder os princípios e os valores morais que garantem a sanidade do sistema democrático é raro e deve ser elevado.
Mas como já nos habituamos é mais fácil gerir a política como algo mercantil e frio. Não sendo do PSD defendo que a atitude de Marques Mendes merece pela seriedade, entretanto demonstrada em casos semelhantes como o de Isaltino Morais, ser agradecida por todos como um exemplo de valor político escasso.
A Marques Mendes custar-lhe-á cara a convicção de que é necessário credibilizar a política. Os interesses não se revêem na transparência. Não se sociabilizam com tais práticas.
Já Paulo Portas poderá ter percebido que foi extemporâneo o seu regresso. Ou que o seu pseudo-estatuto de líder da direita portuguesa afinal não era tão verdadeiro quanto julgaria. Imagino o que lhe passa pela cabeça. Mas não lamento o que lhe possa acontecer politicamente. O seu exercício político ficou marcado pela demagogia, pelo populismo e pela incoerência. Que mais pode esperar Portas senão que o vazio se ocupe do espaço que quis ocupar.
De aqui em diante muito acontecerá e se alterará na direita política em Portugal. E permitam-me o desabafo: perderemos todos com esta instabilidade. O país precisa de estar estável e a estabilidade não se mede numa maioria que suporte o governo, é necessário que a oposição também viva tranquila para fomentar a crítica e consolidar políticas estruturais de que carecemos.
Se estes factos são inquestionáveis pelos números e pela importância que cada partido tem no equilíbrio do sistema político é igualmente necessário explicar as razões que os conduziram a tamanha derrota:
Em primeiro esclarecer que não sou nem de perto nem de longe partidário das ideologias e orientações da direita. Mantenho-me na esquerda, mas essa explicação ficará para outra oportunidade.
Em segundo explicar que se no caso do CDS/PP a aposta se deveu à necessidade política de Paulo Portas de marcar um espaço que provavelmente o seu partido já não tem e que lhe custará mais que uma reflexão pessoal, no caso do PSD a questão é muito mais complexa.
Não posso em consciência manifestar o desejo de valorização da credibilidade do sistema político e ignorar a atitude de Marques Mendes neste processo e noutros semelhantes. Apesar da sua liderança ser frágil desde o início – e a esta fragilidade não são alheias a habilidade política de Sócrates e a maioria parlamentar do PS – a atitude de Marques Mendes é de coragem. Sobrepor a interesses partidários de manutenção de poder os princípios e os valores morais que garantem a sanidade do sistema democrático é raro e deve ser elevado.
Mas como já nos habituamos é mais fácil gerir a política como algo mercantil e frio. Não sendo do PSD defendo que a atitude de Marques Mendes merece pela seriedade, entretanto demonstrada em casos semelhantes como o de Isaltino Morais, ser agradecida por todos como um exemplo de valor político escasso.
A Marques Mendes custar-lhe-á cara a convicção de que é necessário credibilizar a política. Os interesses não se revêem na transparência. Não se sociabilizam com tais práticas.
Já Paulo Portas poderá ter percebido que foi extemporâneo o seu regresso. Ou que o seu pseudo-estatuto de líder da direita portuguesa afinal não era tão verdadeiro quanto julgaria. Imagino o que lhe passa pela cabeça. Mas não lamento o que lhe possa acontecer politicamente. O seu exercício político ficou marcado pela demagogia, pelo populismo e pela incoerência. Que mais pode esperar Portas senão que o vazio se ocupe do espaço que quis ocupar.
De aqui em diante muito acontecerá e se alterará na direita política em Portugal. E permitam-me o desabafo: perderemos todos com esta instabilidade. O país precisa de estar estável e a estabilidade não se mede numa maioria que suporte o governo, é necessário que a oposição também viva tranquila para fomentar a crítica e consolidar políticas estruturais de que carecemos.
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