14 de maio de 2009

Poema triste ao fim da tarde*

Já não usamos as palavras. Todas as tardes damos as mãos num aperto lasso, sob o cante taciturno das aves. Esgotamos os segredos num diálogo de silêncios. E crescemos a cada passo como dois velhos amantes, antigos guerreiros do amor, puros e eternos como diamantes. Desfazemo-nos, em demoradas promessas de dor, como se sôfrega se abatesse a esperança. E pela cidade percorremos as sombras fugindo do sol escaldante. Dividimos as ruas em metades feias e frias e cerramos as praças com os olhares perdidos. Já não usamos as palavras apenas as mãos dadas declaram os dias.
* Completamente fora de contexto, felizmente.

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