24 de janeiro de 2008

Ainda ontem

Ainda ontem me segurava com brilho na ponta do teu olhar. Ainda ontem as tuas mãos se estendiam sobre o meu corpo como se fosses o luar todo a namorar a terra. Ainda ontem quando a noite caía caíamos nós nos braços um do outro num aperto de paixão. Ainda ontem aprendi que as estrelas estão sempre no céu e que se as não vejo é porque o meu olhar se distrai no nevoeiro. Ainda ontem te repeti o prazer de amar a tua existência.
E de ontem para hoje tudo se alterou: o que me conduz até ti é o vento eterno e a dimensão das montanhas perpétuadas sobre os nossos corpos. São as pedras de um tempo inesgotável que se acomodam no leito de um rio onde corre o sangue do meu coração.
E de ontem para hoje tudo mudou: sou agora um dia mais de prazer e de desejo, de arrependimento dos instantes em que não te faço feliz, sou o peso fundo dos teus olhos tristes que aparto com o terror de te perder.
E manhã espero não temer a fragilidade do amor e seguir nos campos as cores das flores e a fertilidade das searas que me conduzem até ti.

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