12 de novembro de 2007

Juras de amor

Um final de tarde de outono junto ao mar conduziu-nos num passeio até ao fim do pontão que se prolonga por uma centena de metros mar adentro. Um pescador entretia-se alheado da nossa presença segurando a cana de pesca. Paramos num abraço e depois seguimos num beijo enquanto o mar esverdeado ondulava sob os nossos corpos. Tranquilo, como o final de tarde de outono. Enebriados pela intensa paixão que percorria os nossos olhares seguimos pelo areal húmido desafiando as ondas que teimosamente nos perseguiam. Passo a passo, lado a lado, mão com mão, fomos deixando o nosso rasto de pégadas. Subimos ao topo de uma rocha à beira-mar. Sentamo-nos de frente para o espelho esverdeado e ondulante. Em nosso redor a espuma branca fendia-se na areia molhada. Conversamos com os olhares presos nos olhos um do outro. Fumamos um cigarro de mãos dadas. Senti o seu cheiro misturado com o aroma da maresia. E nos seus olhos apercebi-me do reflexo do mar. E na sua pele suave e macia vi nascer o crepúsculo de um final de tarde de outono. Subimos a rua ingreme junto às casa brancas que abraçam o oceano pela manhã. Paramos num miradouro e sentamo-nos num banco abraçados um ao outro como se fossemos parte daquela imagem. Num olhar damos conta de que trocamos o mar pelos olhos um do outro e silenciamos o ruidoso som das ondas a desfazerem-se na areia pelas juras de amor eterno.

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