4 de novembro de 2007

Poderia ser domingo

Sentado numa esplanada em forma de peninsula sobre um lago raso observo e sou observado. nem dou conta das horas que passam tão entretido com a conversa que brilha no teu olhar. Uns cafés sobre a mesa e uma torrada de fatias finas. Loura e saborosa como gosto. As tuas mãos a ocuparem o espaço sideral enquanto falas com entusiasmo. E eu de pernas cruzadas para te convencer de quem realmente sou. Lanço-te um desafio. Desafio-te para a vida. Dou comigo a dizer coisas que não entendes. Dou por mim a não entender o que me queres dizer. Baralhamos o assunto porque já não interessa aos dois. Convenço-me de que lançei a semente e um dia a ele regressaremos. Convences-te que me convenceste. A esplanada fica vazia. Agora somos só nós os dois e mais ninguém. Uns patos navegam no lago de água rasa ao sabor de uma brisa mais fresca que o habitual. Seguimos a conversa no olhar um do outro. Nas promessas que insistimos não fazer. Nos planos que correm livres e descomprometidos. O sol ergue-se lentamente até que começa a descobrir a tua face delicada e suave. Admiro a tua beleza. Lembras-me um poema que ainda não te escrevi. Decido abruptamente que devemos partir. Interrompo o cigarro que acabaras de acender. Não suporto mais a vontade que contrarias.
O dia está bonito.
Hoje poderia ser domingo e passearmos pelo campo, ou até quem sabe, ir ver o mar. O céu está azul e limpo como gosto. O sol quente e em harmonia. A tranquilidade das ruas sugere que hoje poderia ser domingo. Aqui voltaremos numa outra manhã e fingiremos que é domingo e faremos de conta que nos amamos...

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