23 de outubro de 2007

Convite para jantar

Um convite para jantar surge naturalmente: basta o desejo de partilhar com a outra pessoa a sua companhia, de desfrutar de uma conversa agradável e amena, sem limite de tempo, sem a correria do relógio, sem os compromissos da tarde. Um almoço - desde que a companhia nos agrade - não é menos importante, mas também não tem o mesmo significado. Prefiro o jantar. Mas se não pode ser...
Queres jantar comigo? Perguntei, interessado na sua companhia ao jantar. Imaginei logo o seu olhar enebriante a fixar-se no meu à mesa do restaurante a média luz. Já tinha o vinho escolhido quando lhe fiz a pergunta, tão certo dos seus aromas como da afirmativa resposta. Não disse que não, resguardou-se numa pausa prolongada que confundi com silêncio. Interrompi o seu pensamento e repeti a pergunta receando que as palavras se tivessem perdido algures nas ondas celulares que ligam os telemóveis entre si. Respondeu-me que seria melhor responder depois... que ainda ia ver se seria possível. E eu, com o restaurante reservado, com o vinho escolhido e a vontade imensa de partilhar com ela as horas livres da madrugada cerrei a mão onde segurava uma rosa vermelha do deserto.
Mais tarde informou-me da sua indisponibilidade!... Talvez noutro dia. Disse em tom de promessa que temo não se cumprir. E aguardo. Que posso fazer se não aguardar. Esperar por quem se ama é a Rotina do Amor. E estou destinado à rotina da espera e dos desejos impedidos. Amanhã insisto. Talvez insista amanhã ou noutro dia... A ideia de jantarmos um com o outro extasia-me. Quero ter o seu olhar defronte para o meu. Quero invadir uma sala imensa com o brilho da paixão que nos une. Que ainda nos une.
Talvez noutro dia não seja possível reservar aquele restaurante, ou encomendar rosas vermelhas do deserto. Mas se for possível desfrutar de um jantar a dois... Prefiro a implorar um chá à tarde.

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