11 de outubro de 2007

Poema destópico

um fio de vento quente e raso contorna as esquinas gastas de solidão. já deserta, a cidade distancia-se do mundo. as árvores curvam-se sobre as ruas mais largas, desfolhadas e resignadas sobre o áspero alcatrão. aqui tudo acontece no silêncio do acaso, tudo definha na fragilidade de um segundo que se quebra no passar do ponteiro do relógio. esse relógio que resiste à fatalidade do tempo, seguro na torre da igreja. Já nem as aves sobrevoam o céu cinzento e poeirento. já há muito que os cães vadios abandonaram as ruas tristes com vista para os campos em direcção ao mar. em cada casa ruinosa morre a cidade branca.

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