29 de agosto de 2007

Reflexão sobre Beja

Com vagar passeio pela cidade que se centra nas planícies como se fosse uma ilha. A cidade está deserta na noite de vento. Caminho sem dirigir o passeio a um local especifico. Vou ao sabor dos passos e no conforto da companhia. A cidade é nossa. Raras vezes alguém interrompe o silêncio da noite fria. As ruas estreitas parecem neste momento largas avenidas. As casas parecem distantes da vida. Fechadas, separando-se da noite. Conduz-me um vento forte que agita as copas das árvores, que levanta as folhas secas caídas no chão. E esse vento leva-me até um banco de jardim abandonado. Acendo um cigarro como desculpa para descansar. Olho em meu redor e tudo acontece no silêncio estático de uma cidade vazia.
Pela manhã a cidade não é assim... As pessoas agitam-se nas ruas, sobrepõem-se nas calçadas estreitas dos passeios, enchem largos com sorrisos feitos de velhos hábitos. Pela manhã a cidade ergue-se na planície com sons indefinidos de uma multidão. No centro as pessoas cruzam-se e cumprimentam-se, as lojas, os supermercados e os cafés são ocupados na rotina matinal dos afazeres. E tudo isto dura uns instantes, como se a manhã da cidade fosse um fósforo que arde rápido até ao fim. Depois, quando chega a tarde quente as ruas são mais parecidas com o vazio nocturno. A cidade esgotou-se no frenesim matinal.
O que nos resta? Que fé vã nos acalentará a esperança de um futuro diferente? Quando seremos suficientes para que a cidade seja plena de vida?...

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